CIRCUITO CARAMELO: UMA APRESENTAÇÃO

A dinâmica do Circuito Caramelo é de natureza experimental e inspirada no fluxo espontâneo da circulação de saberes, escapando o tanto quanto possível das hierarquias que costumam estrangular a palavra nos ambientes institucionais. 

Nossa premissa é antropofágica, viralática e descentralizadora. Seu olhar é para a periferia como espaço de incubação de outros amanhãs – e assinalamos que isso a que chamamos “periferias” vai muito além do conceito de território. Nosso preguiçoso desinteresse pelas hierarquias e hierarquizações já é manifestação direta dessa demarcação - Daí a presença do grego Diógenes de Sínope ao lado de Seu Zé Pelintra como padroeiros do Desinstituto Pelindió, do qual esse projeto constitui uma célula. 

Na encruzilhada do Mercadão de Madureira com o Partenon de Atenas deixamos assentado o fundamento do nosso cosmopolitismo. Na praça ou no botequim, entregamos nossas oferendas ao universo cosmocultural onde as palavras nos encarnam.

Nos inspiramos em imagens-conceitos que totemizam os hibridismos da nossa cultura. Iremos nos apoiar em estrangeiros, apátridas, canibais, expatriados e fracassados de toda a sorte. Buscamos a poesia no banal, no invisível, no diminuto. Acreditamos na força dos microssentidos, das produções coletivas, das insistências, das esquizofrenias e das bifurcações.

Os encontros do Circuito Caramelo acontecem a cada primeiro domingo do mês na forma de roda de conversa e seus principais parceiros são o ponto de cultura Roda Cultural do Méier – CCRP , referência em ativismo local desde 2012 e a  Agenda Não Mono-RJ, coletivo responsável pela constante articulação de eventos públicos destinados aos praticantes e simpatizantes da subversão pela alegria crítica.Fazemos um movimento de ocupação do território, de fortalecimento da cultura e da economia local: um processo de jardinagem e cultivo do diverso, do múltiplo, da diferença e um processo de costura e tapeçaria, porque unimos, tramamos, ensejamos redes, cruzamos gentes. Nosso terreiro será a Mini Rampa de Skate do Méier, palco da mais tradicional batalha de MCs da Zona Norte do Rio, um espaço revitalizado pela mobilização de diversos atores locais com o apoio da prefeitura.Nessa breve introdução, convidamos você a se registrar no nosso formulário para trabalhar como parceiro, convidado, palestrante, abiã, ajudante de obras, apontador, despachante, guerrilheiro, vapor, olheiro, taifeiro, concierge ou leão de chácara. Propostas de parceria também serão bem-vindas.Estamos começando nossa jornada e, por ora, não temos apoio coletivo nem financiamento público ou privado. Nossa única fonte de financiamento é a Pelindiloja, cheia de bibelôs, souvenires e fardamentos de extremo bom gosto. A ideia é consolidar a marca e a partir do nosso esforço, conseguir subsidiar a construção de um bom portfolio para firmar posição como um projeto financiável na disputa por editais. Mas garantimos um bom lanche e aperitivos variados no camarim que montamos no estúdio Marcão Tattoo, nosso parceiro fundamental, além do Uber, das risadas e de brindes feitos com muito com carinho para agradecer o fortalecimento coletivo. Também vamos  procurar nessa fase inicial do projeto, viabilizar passagem e hospedagem para eventuais participantes de outros estados ou cidades mais distantes.Por fim e não menos importante, todo e toda participante do Circuito tem o seu trabalho exposto na nossa livraria virtual, a Pelindilivros e se torna também, honrosamente, uma embaixadora do nosso projeto. Desejamos a todes uma vida interessante e criativa. Desejamos uma atitude altivez e de bom cinismo - a coisa a que chamamos também de malandragem (não confundir com pilantragem). O cinismo da parrésia, da coragem moral, da verdade radical e pontiaguda que se cata pela raiz -  raiz que queremos cultivar na expansão de rizomas que furam o asfalto. Uma vida de cultivar jardins, costurar encontros, abrir encruzilhadas, semear a incerteza fecunda e expansiva no lugar da anomia informacional que pandemicamente tem colonizado e endurecido corações e mentes por toda a parte neste bizarro crepúsculo civilizacional. Mas sempre podemos latir.Com afeto e respeito, Reinaldo Ramos**CEO (Cambono Executivo Oficial), Jurandir da Repartição, Almoxarife-in-chefe e Carimbador Maluco do Desinstituto Pelindió.